Bem
que podia ser um daqueles anúncios que surgiam, semanalmente, na Blitz nas
décadas de 80 e 90. A banda é australiana e o vocalista "recrutado" é
americano. A marca são os AC/DC que, não obstante as polémicas que resultaram
em poucas dezenas de bilhetes devolvidos face a centenas de pessoas que ainda
tentavam ter bilhete, deram a oportunidade a Lisboa de ser a primeira cidade do
Mundo a testemunhar um momento histórico.
Os
holofotes do Planeta incidiram sobre Lisboa, e não passava por cá nenhuma final
da Liga dos Campeões ou do Campeonato do Mundo de Futebol. Era o rock que
vendia e vendeu a nível mundial, no passado sábado, a Cidade das Sete Colinas.
Os AC/DC passavam, novamente, por Lisboa com a estreia do seu terceiro
vocalista (Axl Rose) nestes 43 anos de História, de uma das mais respeitadas e
consistentes marcas do Mundo.
No
entanto, como aprendemos e lemos, quase diariamente, uma marca deve evoluir. Se
uma marca permanece estagnada em determinada altura (como a atual) onde as
mudanças são diárias, corre o risco de se tornar irrelevante e de ficar de fora
do radar dos consumidores contemporâneos e das suas exigências. Esta linha
entre evolução e consistência é muito fina, mas o que contou sempre para os
AC/DC foi o que a banda/ marca representou e representa na mente dos seus fãs e
consumidores, qual o seu posicionamento junto destes, e não, propriamente, o
posicionamento que alguma indústria tenha pretendido atribuir. Foi isso que fez
com que a banda de Angus Young (uma das maiores marcas anti-age do Mundo, a par
de Iggy Pop, Mick Jagger, Keith Richards ou até do nosso Zé Pedro, dos Xutos
& Pontapés) ultrapassasse tendências e estéticas como o glam, punk,
hair-rock, grunge, rap, hip-hop, ou simplesmente, a música pop.
A
promessa da marca está lá, esteve sempre lá: músicas sobre rock 'n' roll,
festas, mulheres, diversão e conduzir com velocidade. Aqui, sabemos que nunca
vamos encontrar músicas sobre injustiças sociais ou as angústias do coração, pois
esse não é o território da marca AC/DC, que alinhado com o seu logo icónico, os
seus palcos, o guarda-roupa, constrói uma identidade e relevância que a levou há
um mês a ser "namorada" pela Gucci. Bem como lhe permitiu ultrapassar
controvérsias com as substituições de vocalistas, a doença mental de um dos
seus fundadores, Malcom Young, os problemas do baterista com a justiça e até curvar
São Pedro, que durante horas deu tréguas e assistiu de camarote a este acontecimento
histórico no Passeio Marítimo de Algés.
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