domingo, 29 de maio de 2016

FOI HÁ 40 ANOS QUE O PUNK MUDOU O MUNDO E AS MARCAS.



- E no início era o verbo… «Hey, Ho… Let’s Go!»
Com as suas “sementes” a serem lançadas em Nova Iorque, o Punk comemora este ano o seu 40.º aniversário, celebrando o lançamento em 1976 do single “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones. Aclamado pela crítica devido à sua ‘Autenticidade’, cruzou o Atlântico “para rebentar” em Inglaterra onde estimulou o surgimento de inúmeras bandas do género, entre as quais os Sex Pistols, que nesse mesmo ano começaram as gravações do álbum “Nevermind The Bollocks”, que viria a atingir o primeiro lugar na tabela de vendas. Todavia, esse espaço ficou em branco, o que até hoje foi inédito.

- Garage B(r)ands
De autênticos renegados - os Punks e a sua cultura - passaram a ter a bênção oficial da Rainha de Inglaterra, que declarou 2016 como o Ano do Punk, com eventos a decorrer durante todo o ano. E o caso, na verdade, não é para menos. O Punk, que surgiu num contexto de uma grave crise, mudou o Mundo e as marcas. Com a sua ação assente na criatividade, na energia e na iniciativa, de tão fenomenal tornou-se mediático, propagando-se a várias partes do Mundo e a diversos sectores de atividade, que começaram os seus negócios em garagens.

Surgia assim o DIY (Do It Yourself) com a sua cadeia de valor criada, especificamente, para os recursos que consumia e que mais não era do que aquilo que se chama hoje de ‘Empreendedorismo’, e de onde surgiram na altura nomes como o de Richard Branson, por exemplo.

- Há mais vida além do “Mad Men”
Com a explosão do movimento Punk começa também a irromper um novo período criativo, que mais do que pensar ‘fora da caixa’ partiu a própria ‘caixa’, cortando com uma comunicação de massas, “one fits all”. Havia vida além do “Mad Men”, do dinheiro a rodos e de abordagens garantidas, clonadas umas das outras, que tratavam os consumidores como se de uma massa homogénea se tratasse.

Esta energia e novidade, movidas por três acordes, criaram e afirmaram os seus próprios símbolos, mediante uma ideia distinta e diferenciadora, que não obstante ser de rutura, tornou-se eficaz e eficiente, até à atualidade. E inspirando também o marketing, no sentido de que uma identidade verbal e visual coerentes e criativas suscitavam a priori interesse, relativamente às pretensões e promessas de uma marca.

- Punks not dead

Com o fim dos acordos de Bretton Woods em 1971 e o primeiro choque petrolífero entre 1973-1975, com o embargo da OPEP, a Grã-Bretanha fica perante uma grave recessão económica que coloca no desemprego mais de um milhão de pessoas, agravando as diferenças entre as classes sociais. A grande lição, até hoje, do Punk e do DIY – Do It Yourself – foi isto mesmo: mostrar que é possível fazer as coisas de outra maneira, fugindo ao marasmo, tomando as rédeas dos acontecimentos e invertendo-os, se possível.

domingo, 8 de maio de 2016

MARCA PROCURA VOCALISTA PARA CONCERTO EM LISBOA…


Bem que podia ser um daqueles anúncios que surgiam, semanalmente, na Blitz nas décadas de 80 e 90. A banda é australiana e o vocalista "recrutado" é americano. A marca são os AC/DC que, não obstante as polémicas que resultaram em poucas dezenas de bilhetes devolvidos face a centenas de pessoas que ainda tentavam ter bilhete, deram a oportunidade a Lisboa de ser a primeira cidade do Mundo a testemunhar um momento histórico.

Os holofotes do Planeta incidiram sobre Lisboa, e não passava por cá nenhuma final da Liga dos Campeões ou do Campeonato do Mundo de Futebol. Era o rock que vendia e vendeu a nível mundial, no passado sábado, a Cidade das Sete Colinas. Os AC/DC passavam, novamente, por Lisboa com a estreia do seu terceiro vocalista (Axl Rose) nestes 43 anos de História, de uma das mais respeitadas e consistentes marcas do Mundo.

No entanto, como aprendemos e lemos, quase diariamente, uma marca deve evoluir. Se uma marca permanece estagnada em determinada altura (como a atual) onde as mudanças são diárias, corre o risco de se tornar irrelevante e de ficar de fora do radar dos consumidores contemporâneos e das suas exigências. Esta linha entre evolução e consistência é muito fina, mas o que contou sempre para os AC/DC foi o que a banda/ marca representou e representa na mente dos seus fãs e consumidores, qual o seu posicionamento junto destes, e não, propriamente, o posicionamento que alguma indústria tenha pretendido atribuir. Foi isso que fez com que a banda de Angus Young (uma das maiores marcas anti-age do Mundo, a par de Iggy Pop, Mick Jagger, Keith Richards ou até do nosso Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés) ultrapassasse tendências e estéticas como o glam, punk, hair-rock, grunge, rap, hip-hop, ou simplesmente, a música pop.

A promessa da marca está lá, esteve sempre lá: músicas sobre rock 'n' roll, festas, mulheres, diversão e conduzir com velocidade. Aqui, sabemos que nunca vamos encontrar músicas sobre injustiças sociais ou as angústias do coração, pois esse não é o território da marca AC/DC, que alinhado com o seu logo icónico, os seus palcos, o guarda-roupa, constrói uma identidade e relevância que a levou há um mês a ser "namorada" pela Gucci. Bem como lhe permitiu ultrapassar controvérsias com as substituições de vocalistas, a doença mental de um dos seus fundadores, Malcom Young, os problemas do baterista com a justiça e até curvar São Pedro, que durante horas deu tréguas e assistiu de camarote a este acontecimento histórico no Passeio Marítimo de Algés.

Como construir uma marca destas? É como dizem os AC/DC: «It's a long way to the top».